Estação ferroviária do Rossio celebra 135 anos ao serviço da mobilidade em Lisboa

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  • Imagem - Estação Ferroviária do Rossio
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A Estação Ferroviária do Rossio regista um movimento anual de cerca de 15 milhões de passageiros, e é o ponto de partida da Linha de Sintra.

A Estação ferroviária do Rossio, uma das principais estações ferroviárias terminais de Lisboa, celebra hoje, 11 de junho, 135 anos de atividade ao serviço da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa. Com um movimento anual de cerca de 15 milhões de passageiros, esta infraestrutura assume-se como um marco incontornável na história dos caminhos de ferro nacionais, destacando-se pela sua importância funcional, arquitetónica e simbólica.

Localizada no coração da cidade, a Estação do Rossio é o ponto de partida da Linha de Sintra, assegurando também a ligação à Linha de Cintura, em Campolide, e à Linha do Oeste, via Cacém/Meleças. A construção desta estação central foi um desejo antigo, que só se concretizou no final do século XIX devido aos desafios impostos pela orografia da cidade, nomeadamente a necessidade de transpor a colina entre o Rossio e Campolide.

Através de um alvará de 1888, a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses foi autorizada a construir a Estação Central de Lisboa – nome original ainda visível nas fachadas da estação – e o respetivo ramal ferroviário, através do Túnel do Rossio, ligando, em Campolide, essa estação ao caminho de ferro entre Alcântara-Terra e Sintra / Oeste.

O projeto foi confiado ao arquiteto José Luís Monteiro, uma das figuras mais relevantes da arquitetura portuguesa da época, que idealizou uma estação com uma linguagem neomanuelina, patente na forma dos vãos e na riqueza ornamental das fachadas, em forte contraste com o Hotel Avenida Palace, também da sua autoria, de arquitetura clássica, com inspiração francesa.

A empreitada de construção, entregue à firma francesa Duparchy & Bartissol, teve início em 1888 e incluiu, para além do edifício de passageiros e da gare ferroviária com cobertura metálica, o túnel ferroviário, rampas de acesso, o hotel, à qual a estação se encontrava fisicamente ligada, e a ligação à Calçada do Carmo. A inauguração oficial teve lugar a 11 de junho de 1890, data em que a estação e o túnel entraram ao serviço.

Durante décadas, o Rossio foi a principal estação ferroviária de Lisboa, servindo comboios regionais, nacionais e internacionais, com ligações a Madrid e Paris. A evolução tecnológica e as necessidades operacionais, ao nível da exploração ferroviária, da sua arquitetura e ocupação dos espaços, ditaram diversas adaptações ao longo dos anos. Entre 1934 e 1948, sob projeto do arquiteto Cotinelli Telmo, a estação sofreu uma remodelação interior com vincado traço modernista. A eletrificação do túnel do Rossio foi concluída em 1955, possibilitando a transição do tráfego de longo curso nacional e internacional para a estação de Santa Apolónia como terminal de longo curso.

Nas décadas seguintes, a Estação do Rossio manteve-se dinâmica: entre 1976 e 1994 acolheu um centro comercial e uma sala de cinema; entre 1993 e 1996 foi alvo de uma profunda modernização ferroviária, passando a dispor da interface com o metropolitano, com ligação direta da gare ferroviária à estação de metro dos Restauradores. Entre 2004 e 2008, o Túnel do Rossio foi reabilitado com melhorias estruturais significativas e instalação de modernos sistemas de segurança.

Mais recentemente, o edifício da estação e o Largo Duque do Cadaval foram objeto de requalificação, integrando atualmente, para além os acessos e serviços destinados aos passageiros, com espaços comerciais, escritórios e um hostel.

Entre os elementos de interesse artístico e patrimonial destacam-se os painéis de azulejos: no lado norte, obras de Lucien Donnat e Rogério Amaral com representação dos principais produtos portugueses, expostas na estação desde 1956; no lado sul, os painéis de Lima de Freitas, produzidos em 1996, dedicados a mitos e lendas de Lisboa. No piso intermédio, a Sala do Rei, onde os monarcas aguardavam o embarque, continua a ser um dos ex-libris da estação.

Desde 1971, confirmando a sua importância histórica, bem como a singularidade da sua arquitetura, o edifício da estação está classificado como Imóvel de Interesse Público (IIP). Entre outros prémios, em 2012, foi distinguida pela revista norte-americana Flavorwire como uma das 10 estações ferroviárias mais belas do mundo.

A comemoração dos 135 anos da Estação do Rossio, obra maior da engenharia portuguesa oitocentista, é também uma celebração da engenharia, da arquitetura e do serviço público ferroviário, de uma infraestrutura que continua a ligar pessoas, territórios e histórias, desde o coração da cidade.

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